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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

SIC - Um desejo. Um sonho. Uma criança... e tudo o vento levou.

Nunca iria escrever umas palavras sobre este assunto. Mas chegamos a uma altura em que a revolta sobre certos assuntos e instituições é enorme.
Primeiro porque envolveu sentimentos que ainda hoje dia a dia vão mexendo com as emoções dos dois.
E porque o desenvolvimento foi no mínimo extremamente doloroso e ter colocado a vida em risco de quem mais amo.
O que me ressalta num primeiro instante da reportagem é os casos de falta de sensibilidade e de extremo cuidado que o assunto de fertilização envolve.
Não se pense que quem parte para uma viagem como esta, parte já derrotado ou no minimo desiludido.
Esse é o grande problema.
Todos partem com o máximo de expectativas e com a maior das esperanças.
No nosso caso todos os tratamentos consultas e supervisão foram feitos no público.

O que falta no público é rapidez e capacidade psicológica para lidar com casais que estão num estado emocional e profundamente sensibilizados.

Acho que no nosso caso a situação extrapolou todo o que era minimamente aceitavel.
Quer ao nível dos custos quer ao nível da acompanhamento do casal e das suas dificuldades.

Sem ir ao realmente ao fundo de tudo o que nos aconteceu (porque espero que entendam que ainda se sofre), mas para que se apercebam da revolta que por cá nos vai.

Gravidez ectópicas, fertilizações, drilings aos ovários, tratamentos, custos e principalmente os tempos de espera e os demasiados diagnósticos errados.
Culpabilidade não assumida pelos profissionais. Ou melhor assumida quando foram pressionados pelos erros cometidos
Tudo isto revolta e desanima.

Tudo isto ajudou a desistirmos de levar mais por diante o sonho da gravidez.
Isto e o risco de vida que a minha cara metade enfrentou, mesmo apôs todos os avisos e todas as minhas dicas para pararmos.

Agora penso: este documentário me leva a pensar que o que para uns é uma esperança.
Para outros (como eu) é uma penosa ideia que me pode voltar a fazer ver "partir aquilo" que mais amo.

Muitos me dizem: persiste, que tenha sorte, que seja forte.

Mas para mim já tenho sorte: pois minha esposa está viva e partilha os sonhos comigo. Persisto: porque agora temos um caminho e um ideal de vida que engloba a presença de uma criança em casa por vias da adopção. Sou forte: porque este caminho de adopção assim o exige pelos modos como a nosso sociedade a vê.

Agora espero que esta reportagem seja para muitos motivo de uma força enorme em continuar em frente.
Para mim pessoalmente.
Prefiro respeitar a escolha da minha cara metade e saber que pelo que ela passou não voltará a passar.
No dia em que essa ideia lhe voltar a surgir, terei de respeitar.
Mas por agora o nosso caminho indica adopção. E estamos embrenhados nesse caminho.

PS Quem aqui escreve é a metade masculina do Rosalino (como se devem ter percebido).

PS2 - Desculpem o testamento. Mas tudo isto envolveu muito mais do que aquilo que realmente aconteceu. Mas ainda custa escrever linhas sobre este assunto.

3 comentários:

  1. Olá,

    Obrigada pelos comentários. Ultimamente os meus sentimentos andam demasiado oscilantes para escrever alguma coisa de jeito no blog. LOL

    Também eu me sensibilizei com a reportagem, por ser, ainda assim, demasiado "dourada". Penso que há uma total falta de sensibilidade para lidar com os casais, falo do público porque não cheguei a ir para o privado. Senti-me tratada como um número, não cheguei aos penosos tratamentos, mas depois de 4 abortos disseram-me simples e cruamente... "Olhe, vá tentando."
    Decidi com o meu cara metade partir para a adopção. Ele, mais que eu, desistiu de tentar uma gravidez, como tu diz que nunca mais me quer ver sofrer da maneira que viu. Como me revejo nas vossas palavras. É reconfortante ver que alguem nos entende.

    A espera é longa é verdade... quanto a isso, nada a fazer, resa apenas esperar e não desesperar!

    Beijoka
    PS: Agora fui eu que me estiquei!! Sorry!

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  2. Compreendo perfeitamente a vossa opção. Felizmente nunca estive em risco de vida devido a tratamentos ou a perdas de gravidez. Infelizmente temos (casal) sofrido e ainda sofremos muito com a infertilidade e com a perda das nossas filhas. Também sofremos muito com a espera do filho do coração. No nosso caso, o desejo maior continua cá, porque provavelmente a minha vida nunca esteve posta em causa. Passei por uma gravidez que correu bem até aos 5 mêses e só eu sei o quanto desejo voltar a passar por essa experiência. São momentos únicos, mágicos na vida de um casal.
    Se me ligassem da S. Social a dizerem que tinham um filho/a para mim, eu desistia dos tratamentos, mas como não tenho esperança por parte da adopção, cabe-me continuar com esperança que posso voltar a conseguir engravidar.

    Susana

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  3. Vi a reportagem e pensei que deu uma ideia demasiadamente positiva do assunto. Quem não conheça bem o assunto ainda pensa que é tudo muito fácil... Porque as pessoas que por lá passaram continuam a tentar e quem viu fica a pensar que se calhar vão ter um final feliz. Que pode não chegar... Eu sou das sortudas que teve um final feliz. tenho um filho que adoro. conseidero-o um milagre. É unico. Porque não abordar casos em que se desistiu porque existiam riscos para a saude (como é o vossos caso) ou simplesmente porque sim, porque se atingiu o pico, porque não se consegue lutar mais? A adopção, apesar da espera deseperante, é uma opção, um complemento e não uma alternativa. Porque nunca se fala destes assuntos?

    De qq maneira é bom q se fale de infertilidade, pois conheço muitas pessoas q nunca tinham "reparado" nesse assunto e pelas reportagens e pela minhas hitória, passaram a ficar mais atentas

    Bjs de coragem e paciência

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